“Amadoramente” Profissional, Responsável e . . . Voluntária! | Patrícia Caeiro

Antes de começar a escrever algo do foro pessoal, procurei definições que se aproximassem da palavra  repetida consecutivamente nos últimos tempos, no seio dos Bombeiros.

Mais do que mostrar desacordo ou descontentamento pela forma como estas palavras foram endereçadas, importa dissecar o referido "amadorismo" para o qual, nós fomos catalogados

A maioria das pessoas que ingressa nos Bombeiros fá-lo por paixão, aventura, abnegação, altruísmo, “ genética social” ou até por outros motivos que cada vez mais se tornam difíceis de enumerar.

Tornei me Bombeiro numa altura em que as exigências não eram tão vincadas mas nem por isso tive como base de conduta a desresponsabilização, o descrédito ou até mesmo o desinteresse.

Incumbida sempre de um enorme espírito de missão, foi me transmitido que a partir do momento que envergasse esta farda o dever, a disponibilidade e o sentido de missão seriam sempre um alicerce na nossa conduta enquanto operacionais.

O fascínio pelo perigo, o desconhecido, a adrenalina  e a coragem de estar presente de onde todos os outros fogem, eleva-nos a outro patamar, a necessidade incessante de ajudar.

Onze anos. Experiências que ficarão para a Vida. A importância de saber resolver as situações mais simples e ao mesmo tempo saber lidar com as mais difíceis como se de simples se tratassem.

A responsabilidade das vidas humanas que se socorre ou do incêndio que tem que ser combatido.

A coragem necessária para aceder ao edifício que está em chamas ou de olhar nos olhos de quem precisa e mostrar confiança e esperança.

A disponibilidade para aceitar que a vida e a morte andam muitas vezes de “mãos dadas” e que algumas vezes não conseguimos quebrar essa ligação.

Trago, das mais diversas perspectivas a ideia concebida de que nada que se faça com amor e paixão pode carecer de responsabilidade, profissionalismo e/ou empenho.
Nada.

Dos atributos às características e qualidades necessárias para ser bombeiro, a coragem, a abnegação, o altruísmo nunca serão superiores à enorme capacidade de superação e vontade de ajudar.

Diz o dicionário Priberam que Amador aquele que “faz por gosto e não por profissão (..) qualquer ofício ou arte”.
Diz o mesmo dicionário que Amador também é aquele que “revela inexperiência em algum assunto ou atividade”.

E talvez esse seja o nosso maior “Amadorismo..”
Somos “Amadores” quando NÃO conseguimos dizer NÃO.
Somos " Amadores" pela  inexperiência de não nos colocarmos nunca em primeiro lugar.
Nunca.

Porque a Corporação precisa.

Porque o Comando precisa.

Porque os Colegas precisam.

Porque o Cidadão precisa.

Porque os Outros precisam.

 E Nós o que é que precisamos?

Porque se ser Amador é :

-  A cada vez que toca a sirene,  prescindir de tudo para ir combater um incêndio;

- A cada turno de emergência, dar mil voltas à vida para nunca faltar ao serviço;

-  A cada vez que o telefone toca e do outro lado o colega ou o comandante pedem apoio,  avançar sem hesitar;

- A cada vez que é necessário frequentar formação exigida, renunciar a outros compromissos sejam eles pessoais ou familiares;

Ou simplesmente, porque alguém na rua, no café ou num qualquer sítio te recorda o motivo pelo qual um dia quiseste ser Bombeiro...

24 horas por dia
7 dias por semana
365 dias por ano


Então Sou orgulhosamente um Bombeiro “Amador..”

Patrícia Caeiro

Bombeiro de 2ª


CB de Portel

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