Antes de começar a escrever
algo do foro pessoal, procurei definições que se aproximassem da palavra repetida consecutivamente nos últimos tempos,
no seio dos Bombeiros.
Mais do que mostrar desacordo
ou descontentamento pela forma como estas palavras foram endereçadas, importa
dissecar o referido "amadorismo" para o qual, nós fomos catalogados
A maioria das pessoas que
ingressa nos Bombeiros fá-lo por paixão, aventura, abnegação, altruísmo, “
genética social” ou até por outros motivos que cada vez mais se tornam difíceis
de enumerar.
Tornei me Bombeiro numa altura
em que as exigências não eram tão vincadas mas nem por isso tive como base de
conduta a desresponsabilização, o descrédito ou até mesmo o desinteresse.
Incumbida sempre de um enorme
espírito de missão, foi me transmitido que a partir do momento que envergasse
esta farda o dever, a disponibilidade e o sentido de missão seriam sempre um
alicerce na nossa conduta enquanto operacionais.
O fascínio pelo perigo, o
desconhecido, a adrenalina e a coragem
de estar presente de onde todos os outros fogem, eleva-nos a outro patamar, a
necessidade incessante de ajudar.
Onze anos. Experiências que
ficarão para a Vida. A importância de saber resolver as situações mais simples
e ao mesmo tempo saber lidar com as mais difíceis como se de simples se
tratassem.
A responsabilidade das vidas
humanas que se socorre ou do incêndio que tem que ser combatido.
A coragem necessária para
aceder ao edifício que está em chamas ou de olhar nos olhos de quem precisa e
mostrar confiança e esperança.
A disponibilidade para aceitar
que a vida e a morte andam muitas vezes de “mãos dadas” e que algumas vezes não
conseguimos quebrar essa ligação.
Trago, das mais diversas
perspectivas a ideia concebida de que nada que se faça com amor e paixão pode
carecer de responsabilidade, profissionalismo e/ou empenho.
Nada.
Dos atributos às
características e qualidades necessárias para ser bombeiro, a coragem, a
abnegação, o altruísmo nunca serão superiores à enorme capacidade de superação
e vontade de ajudar.
Diz o dicionário Priberam que
Amador aquele que “faz por gosto e não por profissão (..) qualquer ofício ou
arte”.
Diz o mesmo dicionário que
Amador também é aquele que “revela inexperiência em algum assunto ou
atividade”.
E talvez esse seja o nosso
maior “Amadorismo..”
Somos “Amadores” quando NÃO
conseguimos dizer NÃO.
Somos " Amadores"
pela inexperiência de não nos colocarmos
nunca em primeiro lugar.
Nunca.
Porque a Corporação precisa.
Porque o Comando precisa.
Porque os Colegas precisam.
Porque o Cidadão precisa.
Porque os Outros precisam.
E Nós o que é que precisamos?
Porque se ser Amador é :
- A cada vez que toca a sirene, prescindir de tudo para ir combater um
incêndio;
- A cada turno de emergência,
dar mil voltas à vida para nunca faltar ao serviço;
- A cada vez que o telefone toca e do outro
lado o colega ou o comandante pedem apoio,
avançar sem hesitar;
- A cada vez que é necessário
frequentar formação exigida, renunciar a outros compromissos sejam eles
pessoais ou familiares;
Ou simplesmente, porque alguém
na rua, no café ou num qualquer sítio te recorda o motivo pelo qual um dia
quiseste ser Bombeiro...
24 horas por dia
7 dias por semana
365 dias por ano
Então Sou orgulhosamente um
Bombeiro “Amador..”
Patrícia Caeiro
Bombeiro de 2ª
CB de Portel
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