Luís Oliveira, de 41 anos, é
o novo comandante dos Bombeiros Voluntários de Odemira e a um dia da tomada de
posse, agendada para este sábado, 26 de Novembro, revela em entrevista ao
"SW" as prioridades da sua comissão de serviço. E entre estas, o
sucesso de Nazário Viana destaca a necessidade da corporação se
"reaproximar" da comunidade.
Como encara esta nova etapa na sua vida e na vida dos
Bombeiros Voluntários de Odemira (BVO)?É um desafio aliciante e muito motivante, porque sei que vou liderar um grupo de homens e mulheres espectaculares. E que independentemente das nossas diferenças, há uma coisa que nos une: o amor pelos bombeiros. Uma das coisas a que me proponho é voltar a incutir neste pessoal o espírito de união, para lutarmos por um único objectivo: os bombeiros. Temos de elevar esta casa novamente a um patamar em que já esteve, porque esta equipa merece isso.
Sucede a Nazário Viana. Sente esse "peso"?
Sem dúvida nenhuma que o comandante Nazário teve um grande mérito e fez muito, mas muito por esta casa. E sem dúvida que sinto esse peso! O comandante Nazário será sempre o comandante Nazário. Como toda a gente cometeu erros, assim como eu os irei cometer. Mas sem dúvida nenhuma que é uma pessoa que fica na história deste corpo de bombeiros.
Quais as prioridades da sua comissão de serviço?
Uma das grandes prioridades é motivar estas pessoas, para que nos possamos unir com o mesmo objectivo, que é lutar por esta casa. Outra das grandes prioridades que tenho é voltar a aproximar os bombeiros da população e vice-versa. Para que a população do concelho de Odemira ou a população que por aqui passa possa saber que tem um corpo de bombeiros activo, operacional e que está pronto a dizer sim a todas as necessidades de socorro que possam acontecer nesta área. Quero ainda tentar fazer com que aquelas pessoas que saíram, por razões várias, voltem ao corpo de bombeiros.
Sente que nos últimos anos tem havido um afastamento da sociedade civil relativamente aos bombeiros?
Não se nota tanto o afastamento da sociedade civil dos bombeiros, mas se calhar os próprios bombeiros por várias razões e a nível nacional, não só em Odemira é que se afastaram das populações. Por isso acho que devemos aproximar-nos da população com pequenos eventos, com a festa do aniversário, com o desfile das viaturas pela vila, com simulacros Isto é uma coisa que se perdeu e temos de voltar a conquistar. Porque sem dúvida nenhuma que grande parte da população, quando os bombeiros precisam, diz presente e ajuda.
Diz que é preciso elevar os BVO a um patamar em que já estiveram. Refere-se a quê?
Por exemplo, no plano da aproximação à sociedade e na execução de algumas actividades que tínhamos perante a sociedade civil. Tentar fazer campanhas e acções de sensibilização para a angariação de novos voluntários. Nesse aspecto também perdemos, pois já tivemos cerca de 100 voluntários e actualmente temos cerca de 60.
Chegam para as necessidades da corporação e para um concelho tão grande?
Não! E deparamo-nos com a necessidade de, mais do que nunca, fazer essas acções de sensibilização e tentar angariar mais voluntários.
Mais quantos?
Não é fácil quantificar, porque cada um dia é um dia. Há dias em que os que existem são suficientes, mas há dias em que se fossemos o dobro não chegávamos. E quando chegamos à época dos incêndios florestais isso nota-se significativamente.
O que lhe irá causar "dores de cabeça" será certamente o parque de viaturas dos BVO. É uma das vossas grandes carências?
Neste pouco tempo que esta nova Direcção leva, essa tem sido uma preocupação. Não só a renovação do parque de viaturas, mas também a manutenção das viaturas existentes. Mas é uma situação que nos continua a preocupar, pois o concelho de Odemira é um dos maiores da Europa e está afastado dos principais centros hospitalares por muitos quilómetros. O que faz com que as nossas viaturas percorram muitos quilómetros e que em pouco tempo fiquem com uma quantidade de quilómetros brutal. É uma das coisas que estamos a tentar superar e acho que vamos conseguir.
Essas dificuldades notam-se mais ao nível do combate a incêndios ou na área do socorro e saúde?
Onde se nota mais é na área da Saúde, porque são os veículos que andam mais. Os veículos de combate a incêndio têm o seu serviço praticamente apenas no Verão, mas no caso dos veículos de socorro e transporte de doentes já se nota que temos um parque envelhecido. E também reparamos que a qualidade das próprias máquinas, mesmo as mais novas, já não é a mesma. Posso dizer que actualmente os veículos que nos têm dado mais problemas são os veículos mais novos!
Fonte: Jornal Sudoeste
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